El Salvador vira à esquerda

A Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), dezassete anos depois de ter deposto as armas sem ter sido militarmente vencida, conseguiu a 15 de Março de 2009 eleger para a presidência de El Salvador o seu candidato Mauricio Funes. A antiga guerrilha tinha-se convertido em partido político na sequência dos acordos de paz de Chapultepec (México) que, a 16 de Janeiro de 1992, puseram fim a doze anos de uma terrível guerra civil em que se registaram setenta e cinco mil mortos. O candidato Mauricio Funes, de tendência social-democrata, jornalista do canal 12 de televisão e antigo correspondente da CNN em espanhol, não participou nessa guerra civil, em contrapartida, o seu vice-presidente, Salvador Sánchez Cerén, é um ex-comandante da guerrilha.
A vitória da FMLN põe fim a vinte anos de hegemonia da Aliança Republicana Nacionalista (Arena). Este partido, que provêm da extrema-direita e foi fundado por Roberto d’Aubuisson, a «alma danada» dos esquadrões da morte, foi abandonando aos poucos este passado infernal, sem contudo deixar ser o representante de uma direita dura. As outras duas formações conservadoras – o Partido de Conciliação Nacional (PCN), representante dos governos militares (1961-1976), e o Partido Democrata-Cristão (no poder entre 1984 e 1989) – renunciaram apresentar um candidato, de modo a estorvar o caminho à esquerda, preferindo unir-se ao Partido Aliança Nacionalista.
Este eleição de Mauricio Funes, não causa qualquer surpresa, ver o El Salvador a juntar-se ao grupo dos países latino-americanos governados à esquerda e ao centro-esquerda, devido à desastrosa situação social deste pequeno país de 5,7 milhões de habitantes, que obrigou mais de 2,5 milhões cidadãos a emigrar, essencialmente para os Estados Unidos. Além disso, 47,5 por cento da população vive abaixo do limiar da pobreza e 19 por cento na extrema pobreza, enquanto 0,3 por cento da mesma se apodera de 44 por cento do rendimento nacional. O quadro é completado com um desemprego em massa e com a mais elevada taxa de homicídios do continente (67,8 por cem mil habitantes).

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